O receituário alto-minhoto é particularmente rico e reflete não apenas a região e o próprio sistema de agricultura vigente, mas também as histórias e tradições locais – e isto aplica-se não apenas à gastronomia, mas também aos Vinhos Verdes da sub-região do Lima, com a sua casta rainha, Loureiro.
Em Ponte de Lima, impera o Arroz de Sarrabulho. As carnes, com o porco em destaque, temperadas com louro, cravinho, noz-moscada e pimenta, depois de cozinhadas e desfiadas, juntam-se ao arroz, com a adição final dos cominhos. Mas, para além deste prato, o arroz de lampreia e a lampreia à bordalesa, em época própria, ou o bacalhau de cebolada, são outras iguarias locais. Há receitas histórias que regressam às cartas dos restaurantes, como as pataniscas de farinha de milho (com toucinho), o chouriço de língua, os caldos à lavrador e de farinha, a cabidela de cabrito, as batatas guisadas com pezinhos de porco, ensopado de chicharro, o leite real ou o pudim de maçãs.
Mas, é justo que nos detamos com um pouco mais de pormenor aos vinhos de Ponte de Lima e à própria sub-região, que tem no vale do rio o seu veio condutor. O rio Lima nasce no monte Talariño, em Ourense, na vizinha Galiza, a uma altitude de 975 metros. No seu percurso galego, de 41 km, chega a Portugal pelo Lindoso e Soajo e atravessa Ponte da Barca e Ponte de Lima até desaguar no Atlântico, em Viana do Castelo, perfazendo um total de 135 km. Pois é esta influência do clima atlântico, que entra para interior da região pelo Vale do Lima, a característica mais marcante nas vinhas e nas uvas de Loureiro, detendo-se nos contrafortes da Peneda e Soajo, nos Arcos de Valdevez e Ponte da Barca. Sem esquecer a mineralidade dos solos graníticos.