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Ponte de Lima, uma vila de encantamentos

A vila mais antiga de Portugal, terra mágica de encantamentos, tem no rio que lhe dá o nome a sua veia pulsante. Mas Ponte de Lima tem muito mais – tem história, património, um receituário invejável, para além dos vinhos frescos, vibrantes e alegres.

  • Texto: Luís Alves, Marc Barros e Nuno Guedes Vaz Pires
  • Fotografia: Ricardo Garrido
24 de Janeiro, 2025

É na ponte romana sobre o rio, com os seus quinze arcos grandes e doze pequenos, que bate verdadeiramente o coração de Ponte de Lima, que lhe dá o nome e atesta a presença antiquíssima de povos nesta localidade. Deste rio, o Lethes, um dos cinco rios do Hades, dizia-se provocar o esquecimento a quem o atravessasse. O episódio foi assim imortalizado: “Corria o ano de 137 a.C. quando legiões romanas, comandadas por Decimus Junius Brutus, se deslocavam da Lusitânia para a Galiza, para aí procederem à sua conquista. Ao chegarem às margens do Lima, deslumbrados com a beleza e a calma das suas águas, os soldados temeram ter chegado às margens do Rio Lethes ou Rio do Esquecimento[…] Desobedeceram por isso às ordens do seu comandante, quando este lhes ordenou que atravessassem para a outra margem. Nenhum soldado quis correr o risco de esquecer a sua vida passada, a sua família ou a sua terra natal. Assim, Decimus Junius Brutus viu-se obrigado a fazer a travessia sozinho. Uma vez chegado à margem norte, chamou os seus homens um a um, pelos seus nomes, provando desta forma que o contacto com as águas do Lima não conduzia ao esquecimento do passado.” (Conde de Bertiandos, 1898).

Ponte de Lima é terra de lendas e história, não fosse a vila mais antiga de Portugal. O primeiro foral foi-lhe concedida em 1125 por D. Teresa, a mãe de D. Afonso Henriques, antes ainda da fundação do reino. Ao longo dos quase 900 anos de história, Ponte de Lima foi construindo um rico património arquitetónico, histórico e cultural, de que podemos destacar o pelourinho, considerado monumento nacional; a Capela do Anjo da Guarda, de estrutura gótica; a Praça de Camões e chafariz do séc. XVII; o Paço dos Marqueses de Ponte de Lima, do século XV; ou a igreja matriz, dos séculos XIV a XVI, entre outros. Ao redor da vila, a rede de solares de enorme valia patrimonial é também de realçar.

E conhece a história dos Carecas de Ponte de Lima, notórios bandidos e assaltantes, que… nunca existiram, senão na pena de António Feijó? Em 1880, este autor preencheu as páginas do Commércio do Lima com a história de uma misteriosa quadrilha de carecas que praticavam tenebrosos atos criminosos e que logo adquiriu contornos de realidade, ao ponto de o próprio autor confundir factos com lendas – efeitos do rio do Esquecimento?

Mas há mais para visitar e fazer em Ponte de Lima. O Museu do Brinquedo Português, instalado junto à ponte romana, na Casa do Arnado, dá-nos a conhecer a história dos brinquedos, desde os finais do século XIX até 1986.
As Feiras Novas, que decorrem na segunda semana de setembro, são uma das grandes festas da vila. Dedicada a Nossa Senhora das Dores, passa a incluir em 1826 um lado profano, com a autorização dos três dias de feira, as rusgas, as concertinas e os cantares ao desafio. No areal das margens do rio, “A Vaca das Cordas”, que se realiza em junho, é outro grande evento do imaginário popular. O rio Lima é também o mote para ecovias, como as das Laranjas, Lagoas ou Açudes, percursos pedestres, como o da Água ou da Mesa dos Quatro Abades, ou até a Grande Rota da Montanha.

A Rota dos Gigantes é uma forma de conhecer os locais onde nasceram quatro grandes figuras históricas que levaram Portugal aos quatro cantos do mundo: Fernão de Magalhães, o Navegador, de Ponte da Barca (origem disputada com outras localidades); de Ponte de Lima, o Beato Francisco Pacheco (O Santo), Mensageiro da Companhia de Jesus e um dos primeiros missionários jesuítas no Japão; João Alvares Fagundes, o Descobridor, de Viana do Castelo, explorou e descobriu a Terra Nova, no Atlântico Norte e; dos Arcos de Valdevez, o Padre Himalaya, inventor e cientista das energias renováveis, que representou Portugal na Exposição Universal de St. Louis, nos Estados Unidos.

O receituário alto-minhoto é particularmente rico e reflete não apenas a região e o próprio sistema de agricultura vigente, mas também as histórias e tradições locais – e isto aplica-se não apenas à gastronomia, mas também aos Vinhos Verdes da sub-região do Lima, com a sua casta rainha, Loureiro.

Em Ponte de Lima, impera o Arroz de Sarrabulho. As carnes, com o porco em destaque, temperadas com louro, cravinho, noz-moscada e pimenta, depois de cozinhadas e desfiadas, juntam-se ao arroz, com a adição final dos cominhos. Mas, para além deste prato, o arroz de lampreia e a lampreia à bordalesa, em época própria, ou o bacalhau de cebolada, são outras iguarias locais. Há receitas histórias que regressam às cartas dos restaurantes, como as pataniscas de farinha de milho (com toucinho), o chouriço de língua, os caldos à lavrador e de farinha, a cabidela de cabrito, as batatas guisadas com pezinhos de porco, ensopado de chicharro, o leite real ou o pudim de maçãs.

Mas, é justo que nos detamos com um pouco mais de pormenor aos vinhos de Ponte de Lima e à própria sub-região, que tem no vale do rio o seu veio condutor. O rio Lima nasce no monte Talariño, em Ourense, na vizinha Galiza, a uma altitude de 975 metros. No seu percurso galego, de 41 km, chega a Portugal pelo Lindoso e Soajo e atravessa Ponte da Barca e Ponte de Lima até desaguar no Atlântico, em Viana do Castelo, perfazendo um total de 135 km. Pois é esta influência do clima atlântico, que entra para interior da região pelo Vale do Lima, a característica mais marcante nas vinhas e nas uvas de Loureiro, detendo-se nos contrafortes da Peneda e Soajo, nos Arcos de Valdevez e Ponte da Barca. Sem esquecer a mineralidade dos solos graníticos.

Dada a redescoberta recente das valias da Loureiro, a expansão da casta faz-se um pouco por toda a região, mas é no Lima que tem o seu terroir de eleição e onde conhece o recrudescimento e renovação das vinhas, com destaque para a plantação de 200 ha. de novas vinhas que a Aveleda instalou em Cabração, Ponte de Lima.

Mas, falar da sub-região do Lima, é falar da casta Loureiro. A variedade, considerada autóctone do noroeste peninsular, tem nas elevadas produções um sustentáculo económico dos viticultores locais. É a segunda casta branca mais plantada no país (ultrapassará já certamente os 5851 ha. declarados pelo IVV no seu mapa de abril de 2018).

De maturação tardia, apresenta índices de fertilidade elevados e, como já referido, produtividade também alta. De teor alcoólico médio baixo, pode atingir níveis de acidez superiores a 10 gr./lt. Origina vinhos de perfil floral, como laranjeira, acácia ou tília, citrinos, pomóideas e fruto de caroço. Na boca mostram-se sobretudo frescos, vivos, de corpo médio e sabor frutado persistente. Possuem, quando vinificadas em madeira ou com recurso a bâtonnage, grande capacidade de envelhecimento. Aliás, o consenso quanto ao potencial de envelhecimento dos vinhos da variedade Loureiro é crescente, a quem se gabam os aromas melíferos que ganha, por contrapeso à dimensão frutada e floral dos vinhos mais jovens. E é versátil, prestando-se à vinificação para diferentes categorias e perfis de vinhos.

Por tudo isto, deixamos um pequeno roteiro, para que possa descobrir os tesouros de Ponte de Lima. Boas visitas, e boas provas!

A Carvalheira

Um dos grandes clássicos de Ponte de Lima, a Carvalheira, que abriu suas portas em 1995, localiza-se hoje numa quinta que remete para o imaginário rural minhoto. Na Quinta do Eido Velho, predomina o granito, duro e rústico, mas confortável, adestrado pela verdura dos jardins circundantes.

O receituário local ganha novo alento na liderança de José Gomes e nas receitas de Maria Teresa Gomes, destacando-se iguarias como alheira com legumes, favas com fumados, ovas de bacalhau, salada de bacalhau com broa frita, para mencionar apenas as entradas.

 

Seguem-se o bacalhau com broa, cabrito, pernil ou o sarrabulho. Nas sobremesas, a pera borrachona ou o pudim Abade de Priscos fecham a refeição da melhor forma.

O espaço, que conheceu profunda renovação e ampliação em 2014, não esquece a carta de vinhos, com cerca de 350 referências e forte ênfase na produção regional, mas também com ampla e sensata representação nacional, incluindo aguardentes e Vinhos do Porto.

Petiscas

Localizado numa casa de traça antiga no bairro de Além da Ponte, junto à ponte romana, defronte do Museu do Brinquedo Português e da Ecovia do Loureiro, o restaurante Petiscas é um espaço de aura romântica, requintado mas sem perder o cunho de tipicidade.

À frente do espaço desde 2014, Eduardo Martins tem na cozinheira limiana Conceição Maia a intérprete do receituário local, destacando-se o bacalhau com broa, a posta de vitela barrosã, a vitela assada ou o sarrabulho.

 

Mas, antes disso, as pataniscas de bacalhau, a orelha de porco ou os cogumelos salteados abrem caminho para uma refeição que pede tempo. A esplanada, aberta no Largo da Alegria quando o tempo convida a refeições no exterior, é perfeita para saborear petiscos diversos, como o polvo à galega ou favas com presunto. Carta de vinhos bem composta, serviço aprimorado, simpatia e acolhimento, são regra nesta casa.

Cozinha Velha

Localizado a cerca de cinco quilómetros da vila de Ponte de Lima, este restaurante, instalado numa casa tipicamente minhota que fora outrora armazém de alfaias agrícolas, abre o conforto da sala com a lareira antiga de dimensões generosas, que nos aquece nos dias mais frios.

Nesta casa rústica, de ambiente familiar, pratica-se uma cozinha de referência, pela mão segura de Maria do Céu Abreu e Carlos Gomes, assente na oferta regional e outras iguarias, como o leitão, assado em forno a lenha, tal como o cabrito.

 

O arroz de sarrabulho, o bacalhau com broa e à lagareiro, ou o polvo à lagareiro, enformam a carta. As favas fumadas e os enchidos tradicionais são bem recomendáveis. Para sobremesa, entre outras propostas, o pudim Abade de Priscos é opção segura.

A carta de vinhos é vasta e diversificada, com mais de 400 referências, destacando-se a extensa oferta de vinhos velhos.

Casa da Terra

O grupo Minho Fumeiro é bem conhecido em Ponte de Lima e não só. A trabalhar em várias áreas desde 1913, é nos enchidos que tem tido maior reconhecimento, sobretudo a partir de 1993, já na quarta geração.

A Casa da Terra é uma pequena montra do trabalho deste grupo, na primeira linha de Ponte de Lima, mais concretamente na antiga Cadeia das Mulheres, junto à Torre da Cadeia Velha. João Quintela, gestor de projeto, explica que “houve um restauro do espaço que pertence ao município, a que se seguiu a abertura de um concurso para concessionar.

 

A Minho Fumeiro venceu e ali abriu um espaço onde vendem e divulgam os seus produtos e também os produtos tradicionais da vila, como o artesanato”. De um ponto de vista da arquitetura, o interior destaca-se por permitir uma mescla entre o tradicional e a contemporaneidade, com uma teto a fazer lembrar um balseiro.

Além de tábuas de enchidos, é também possível provar vinhos e até cervejas artesanais, sidras e gin, de marca própria, em parceria com produtores locais e regionais.

Garrafeira Matriz

Um clássico de Ponte de Lima, esta garrafeira, pequena em tamanho, grande em diversidade de oferta, possui localização privilegiada próximo da Igreja Matriz.

José António Cunha, proprietário do restaurante Bocados, assume com sabedoria e competência os destinos deste espaço, fundado em 1952, com uma bela oferta de vinhos da região de elevadíssima qualidade, bem como de todo o país vinhateiro.

 

Contempla ainda no seu portefólio um leque interessante de vinhos naturais e cervejas artesanais, entre outros produtos.

Letraria Craft Beer & Vinyl

“Sou limiano é há muito que esta era uma ideia que estava na calha”, começa por dizer, orgulhoso, Francisco Pereira, sócio da Cerveja Letra com Filipe Macieira.

Bem no centro da Vila de Ponte de Lima, perto da mítica “rampinha” e com um sócio local (João Paulo Antunes), o universo Letra abriu em junho último mais um capítulo, depois das Letrarias de Vila Verde, Braga e Porto.

Letraria Craft Beer & Vinyl tem ainda uma novidade, diferente dos modelos anteriores.

 

Há dois apartamentos, localizados no mesmo prédio do espaço da Letraria e onde é possível pernoitar naqueles que Francisco considera ser “as primeiras unidades de alojamento temáticas ligadas à cerveja artesanal”.

Letra On Oak Apartment e Letra Craft Trials, assim se chamam os apartamentos, com uma localização privilegiada para quem ali ficar, perto de todos os pontos de atração da vila mais antiga do país. Na Letraria propriamente dita, o modelo é semelhante às já conhecidas noutras cidades: um bar de cerveja artesanal, com 18 cervejas à pressão da marca e, claro, uns petiscos para acompanhar.

Tasca das Fodinhas

É incontornável e é também prova de que na pequena vila limiana cabem estilos muito diferentes.

Chama-se “Os Telhadinhos” mas não serão muitos os que conhecem por este nome. “Tasca das Fodinhas” é, esse sim, o nome que muitos reconhecerão pelo país fora.

Márcia Abreu lidera os destinos deste espaço que tem um menu especialmente picante. “A maldade está na cabeça das pessoas”, avisa Márcia, antes de nos revelar alguns dos pratos mais procurados. “Fodinhas quentes na rachinha, biquinhos de amor, pentelheira verde ou vermelhão no redondo são alguns dos nossos pratos mais conhecidos mas temos um cardápio longo, com muitas possibilidades”, refere. E as possibilidades estão na medida dos clientes.

 

Dentro da tasca são apenas três as mesas, para além do balcão, mas o espaço abre-se para a rua e para a esplanada, onde são muitos os fregueses que não dispensam os petiscos da cozinheira e, sobretudo, a boa disposição de Márcia que de vez em quando vem à janela falar com os clientes.

O negócio mantém-se na esfera familiar e é um ponto obrigatório de visita. Mas fica o alerta, também plasmado no final do cardápio: “Tudo isto pode ser acompanhado por uma putinha de bom vinho de lavrador. Com o papinho cheio abre a bolsinha e larga a notinha”.

Taverna Vaca das Cordas

No Alto Minho são muitas as tradições. Em Ponte de Lima, uma das mais conhecidas é a Vaca das Cordas, tradicional festa limiana que o avô de Fernando Lima, atual responsável pelo negócio, ajudou a organizar durante muito tempo.

Este espaço é uma verdadeira homenagem à festa rija. As cores são aguerridas, num vermelho apelativo, e lá dentro são incontáveis as referências à Vaca das Cordas, à tradição tauromáquica.

 

Dentro da tasca são apenas três as mesas, para além do balcão, mas o espaço abre-se para a rua e para a esplanada, onde são muitos os fregueses que não dispensam os petiscos da cozinheira e, sobretudo, a boa disposição de Márcia que de vez em quando vem à janela falar com os clientes.

O negócio mantém-se na esfera familiar e é um ponto obrigatório de visita. Mas fica o alerta, também plasmado no final do cardápio: “Tudo isto pode ser acompanhado por uma putinha de bom vinho de lavrador. Com o papinho cheio abre a bolsinha e larga a notinha”.

Adega Cooperativa de Ponte de Lima

O maior operador económico do concelho de Ponte de Lima e um dos maiores de toda a região dos Vinhos Verdes, a Adega de Ponte de Lima, fundada em 1959, vinifica uma média anual de seis milhões de litros; mas possui capacidade instalada para quase o dobro, ou seja, 23 mil pipas, cujas uvas são oriundas de quase 2.000 associados.

Como não poderia deixar de ser, a casta Loureiro encontra expressão especial, pela sua adaptação ao terroir do Vale do Lima. Tratando-se de uma variedade muito aromática e, ao mesmo tempo, refrescante, encontra nesta sub-região, de forte pendor atlântico pela abertura do vale ao mar, a frescura que influencia a produção de uva e que, por consequência, será marcante na produção dos vinhos. Sendo o ex-líbris da Cooperativa, lançado como monovarietal nos anos 80, a Loureiro representa 95% dos brancos ali produzidos. O restante divide-se pelas castas Trajadura, Arinto, Fernão Pires e Alvarinho.

 

Nos vinhos tintos, que representam cerca de 25% da produção da adega, destaca-se o Vinhão, produzido exclusivamente da casta com o mesmo nome. Mas há também Borraçal, Espadeiro e Espadeiro de Basto, castas usadas igualmente nos vinhos rosé que a adega lançou há poucos anos e mostram-se um tremendo sucesso, não fosse o enólogo o consagrado Fernando Moura. Espumantes e aguardentes vínicas completam o portefólio da adega.

Sob a liderança de Celeste Patrocínio, presidente da Adega Cooperativa de Ponte de Lima, a adega encontrou novo rumo nos mercados externos, em países como Alemanha, Brasil, EUA, Canadá, Colômbia, Reino Unido, França, Holanda, Suécia, Polónia, Rússia ou até o longínquo Japão.

Aphros Wines

Perto do Lima, já em Arcos de Valdevez, este é um produtor onde os princípios da sustentabilidade e da biodinâmica são orientadores. O que chega ao copo é uma feliz tradução do que é preconizado. Vasco Croft é um produtor com uma filosofia muito própria. Um encontro com um monge budista e a partilha de uma garrafa de vinho foram uma epifania para este produtor que, no Casal do Paço Padreiro, terra herdada dos pais em estado de semiabandono, rebatizada como Quinta dos Faunos, recuperou e instalou uma produção sustentável em modo biodinâmico nos seus cerca de 20 ha.

 

Aqui, com a ajuda uma equipa técnica de primeira água, formada por Miguel Viseu e Tiago Sampaio, Vasco elabora alguns dos mais felizes vinhos de Portugal, eivados de sabor, carregados de energia, puros e limpos. Com o crescimento da empresa, foi edificada uma nova e moderna adega. Mas na cave da casa tudo continua como antes: ladeada por talhas que simbolizam o aconchego do útero materno, nascem vinhos únicos no contexto da região. Caso queira conhecer um pouco mais sobre os vinhos Aphros ou o modelo que produção que lhe está associado, convém que anteceda a visita com marcação prévia.

Casa da Senra

A Quinta dos Abrigueiros, já no séc. XVII, pela mão de Tristão de Azevedo de Araújo, o Leonês, senhor da Casa de Senra, produzia vinhos que eram exportados para o norte da Europa através do porto de Viana do Castelo.

Hoje, a propriedade, a cargo da décima geração da família, tem na casa da família, consagrada a Nossa Senhora da Soledade, cuja imagem antecede a entrada, o epicentro da quinta, ostentando o brasão que é replicado nos rótulos dos vinhos Casa da Senra.

 

Datada do séc. XVIII, a edificação, integralmente em granito, é pontuada pelos célebres tetos em masseira, cujas pinturas nos tons dourado e verde remetem para o imaginário rural e para as uvas da casta Loureiro.

As vinhas estão plantadas em solos graníticos e arenosos, em cordão simples, nos 12 ha. da Quinta dos Abrigueiros, a meia encosta em socalcos, com exposição solar virada a sudeste, conferindo às uvas condições para excelentes maturações. Acompanhada de um pouco de Alvarinho, Arinto e Trajadura, a Loureiro providencia ao enólogo António Sousa a matéria-prima para elaborar brancos de identidade, seja o monovarietal Loureiro ou o branco de lote, com estágio em madeira.

Casa do Barreiro

Mais um exemplo da nobreza das casas senhoriais de Ponte de Lima, a Casa do Barreiro, localizada em Gemieira, data do séc. XVII, abrindo-se com um portentoso pátio central, ladeada por belíssimos jardins e fontes.

Aqui é possível admirar uma belíssima coleção de azulejaria portuguesa, da autoria de Jorge Colaço, considerado um dos grandes revivalistas da utilização do azulejo decorativo em Portugal. Entre outros, destaque para um painel em ‘trompe-l’oeil’, com uma escadaria monumental onde posam um casal enamorado e um galgo.

 

Mas, para além do conjunto patrimonial e arquitetónico, aberta aos visitantes e com oito quartos disponíveis, esta é também uma casa agrícola. A quinta é produtora de vinhos verdes típicos da sub-região do Lima, que assentam nas castas Loureiro e Vinhão. Estes vinhos da Casa do Barreiro estão, aliás, disponíveis para prova no local, bastando para tanto reservar com antecedência.

Casa das Buganvílias

A Casa das Buganvílias, também conhecida como Quinta da Boavista, localiza-se em Calvelo, freguesia a sul do concelho de Ponte de Lima, e situada junto ao Monte de S. Veríssimo, cuja igreja paroquial foi outrora convento beneditino reconvertido em abadia secular.

No cimo da propriedade, onde se ergue a casa e as famosas buganvílias que dão nome aos vinhos, forma-se um miradouro que se espraia pelo vale e por cujas encostas se prolongam as vinhas, sobre solos graníticos, plantadas com as castas tradicionais da sub-região.

 

Sob o chapéu da marca Casa das Buganvílias, nascem os vinhos verdes brancos monovarietal Loureiro, em versão colheita e Colheita Selecionada parcela única e ainda um Escolha; para além disso, o bivarietal Alvarinho e Loureiro e um reserva. Nos tintos, o monocasta Vinhão e o lote Vinhão e Touriga Nacional. Esta última casta dá origem ao rosé da casa. O produtor conta ainda com as marcas Portal da Alameda Alvarinho e Santo do Monte.

Paço de Calheiros

Um dos mais representativos exemplares das casas nobres do Alto Minho, o Paço de Calheiros é um dos mais importantes exemplares setecentistas da arquitetura civil portuguesa e está na posse da mesma família desde 1450. Aliás, os pergaminhos da família estão intimamente ligados à fundação da Nacionalidade e o seu brasão adotou as Vieiras e Bordões de Santiago de Compostela, atestando a relação ao culto jacobeu e ao Caminho de Santiago.

Francisco de Calheiros e Menezes é o atual representante da família e do título de Conde de Calheiros. É sob a sua administração que o solar se abre ao público visitante, dispondo de nove quartos, para além de outras amenidades, incluindo a lindíssima cozinha antiga, onde são organizados workshops de cozinha regional com frutas e hortaliças frescas da propriedade.

 

As dependências do solar integram seis apartamentos, rodeados de jardins históricos, que resultam numa experiência única, num dos mais belos cenários da região do Minho.

Aqui nascem ainda vinhos das castas Loureiro e Vinhão, das marcas Paço de Calheiros e Conde de Calheiros, este com estágio em barricas de carvalho, que demonstram toda a mineralidade dos solos graníticos e a influência atlântica das vinhas. É possível visitar o paço, incluindo adega e provas de vinhos, e conhecer os magníficos jardins, mata de castanheiros, horta e pomares.

Quinta do Ameal

Duas décadas volvidas após a Quinta do Ameal começar a trilhar o seu percurso sob a batuta de Pedro Araújo, depois de adquirida por seu pai em 1990, eis que o Esporão adquire a propriedade, fazendo antever novas expressões da casta Loureiro, bem como o reforço do enoturismo.

Os primeiros registos da Quinta do Ameal datam de 1710, propriedade de beleza ímpar, que inclui um anfiteatro natural único com 800 metros de margem do rio Lima. Dos seus cerca de 30 ha., 8 são de mata, com uma mancha significativa de castanheiros, nogueiras e pinheiros mansos, alguns com mais de 200 anos. Os 14 ha. de vinha estão exclusivamente plantados com Loureiro. Os solos são maioritariamente graníticos, com alguma presença de argila junto ao leito do rio. As vinhas estão expostas a sul, com amplitudes térmicas de relevo.

 

Os últimos tempos têm permitido conhecer o caminho que o Esporão pretende imprimir a esta propriedade icónica, com novos vinhos em outros modelos de vinificação, desenhados pelo enólogo José Luis Moreira da Silva. Mas, para além disso, foram desenvolvidos programas de enoturismo, tendo a Casa Grande, com três suites independentes, como referência, oferta complementada com as duas suítes da Casa da Vinha. Além das visitas às vinhas e adegas e das provas de vinho, é possível levar a cabo atividades diversas, como passeios guiados de kayak no rio, bicicleta, river trekking ou percorrer a ecovia do rio Lima a partir do Ameal.

Quinta das Fontes

Casa solarenga cujos pergaminhos remontam a 1836, a Quinta das Fontes localiza-se na freguesia de Rebordões – Souto, em panorama rural. A propriedade pertenceu ao desembargador José Pereira Pinto do Lago, que ocupou o cargo de administrador do concelho de Souto de Rebordões, extinto em 1836.

Por herança, a propriedade passou aos parentes da Casa do Outeiro na Correlhã que, com a morte do último representante em 1933, foi vendida ao poeta e abastado proprietário António Vieira Lisboa, falecido em 1968. Na quinta é possível encontrar um marco miliário, sinalizador da estrada romana que ligava Braga a Tui, na Galiza, dito anepígrafo, ou seja, sem inscrição – gravada somente com o ano 1772, posterior à sua instalação original.

 

A quinta abrange 10 ha., entre edificado, vinhas, jardins e matas. A sua exposição particular e o facto de estar disposta em socalcos permite usufruir de um enquadramento paisagístico sublime. No que concerne à vinha, são 4,5 ha. de vinhas jovens, plantadas com as castas Loureiro, na sua maioria, mas também Caínho Branco e Arinto e, nas tintas, que representam 30% dos encepamentos, Vinhão, Espadeiro e Padeiro. Junta-se uma vinha velha, em ramada, de 0,6 ha., exclusivamente com Loureiro. Os vinhos, elaborados sob orientação do enólogo José Domingues, incluem brancos, tintos e espumantes.

Roteiro pela vila

RESTAURANTES

A Carvalheira

Um dos grandes clássicos de Ponte de Lima, a Carvalheira, que abriu suas portas em 1995, localiza-se hoje numa quinta que remete para o imaginário rural minhoto.

Rua do Eido Velho - Eido-Velho 4990-620 Fornelos | Ponte de Lima
258 742 316 | 931 100 062

Cozinha Velha

Nesta casa rústica, de ambiente familiar, pratica-se uma cozinha de referência, pela mão segura de Maria do Céu Abreu e Carlos Gomes.

Lugar de Faldejães, Arcozelo 4990-240 Ponte de Lima
258 749 664 | 961 136 653 / 969 653 812 // geral@restaurantecozinhavelha.com

Petiscas

Junto à ponte romana, defronte do Museu do Brinquedo Português e da Ecovia do Loureiro, o restaurante Petiscas é um espaço de aura romântica, requintado mas sem perder o cunho de tipicidade.

Largo da Alegria, Arcozelo 4990-240 Ponte de Lima
258 931 347 | 964 006 607 // petiscasrestaurante@gmail.com
TASCAS E PETISCOS

Casa da Terra

A Casa da Terra é uma pequena montra do trabalho do grupo Minho Fumeiro, na primeira linha de Ponte de Lima.

Passeio 25 de Abril, 27 4990-150 Ponte de Lima
258 941 040 // casadaterra@minhofumeiro.pt

Garrafeira Matriz

Um clássico de Ponte de Lima, esta garrafeira, pequena em tamanho, grande em diversidade de oferta, possui localização privilegiada próximo da Igreja Matriz

Rua da Matriz, nº 7 4990-089 Ponte de Lima
967 551 743

Letraria Craft Beer & Vinyl

Bem no centro da Vila de Ponte de Lima, perto da mítica “rampinha” e com um sócio local (João Paulo Antunes), o universo Letra abriu mais um capítulo, depois das Letrarias de Vila Verde, Braga e Porto.

Rua Beato Francisco Pacheco, 69 Ponte de Lima
258 742 173 // geral@cervejaletra.pt

Tasca das Fodinhas

É incontornável e é também prova de que na pequena vila limiana cabem estilos muito diferentes.

Rua do Rosário - Ponte de Lima
966 711 297 // geral@tascadasfodinhas.com

Taverna Vaca das Cordas

Este espaço é uma verdadeira homenagem à festa rija. As cores são aguerridas, num vermelho apelativo, e lá dentro são incontáveis as referências à Vaca das Cordas.

Rua Beato Francisco Pacheco, n.º 39 a 41
258 741 167 // info@tavernavacadascordas.com
PRODUTORES DE VINHO

Adega Cooperativa de Ponte de Lima

O maior operador económico do concelho de Ponte de Lima e um dos maiores de toda a região dos Vinhos Verdes.

Rua Conde de Bertiandos 4990-078 Ponte de Lima
258 909 700 // geral@adegapontelima.pt

Aphros Wines

Perto do Lima, já em Arcos de Valdevez, este é um produtor onde os princípios da sustentabilidade e da biodinâmica são orientadores.

Quinta dos Faunos - Casal do Paço Padreiro: Rua de Agrelos, 70 - Padreiro (S. Salvador) 4970-500 Arcos de Valdevez // Aphros Wine Cellar: Rua da Casa Nova, 374 4990-696 Refoios do Lima
258 757 487 // universal@aphros-wine.com | winemaking@aphros-wine.com

Quinta dos Abrigueiros

As vinhas estão plantadas em solos graníticos e arenosos, em cordão simples, nos 12 ha. da Quinta dos Abrigueiros, a meia encosta em socalcos.

Jolda, Madalena 4970-205 Arcos de Valdevez
258 947 315 | 964 058 652 // geral@casadasenra.pt

Casa do Barreiro

Para além do conjunto patrimonial e arquitetónico, aberta aos visitantes e com oito quartos disponíveis, esta é também uma casa agrícola.

Rua de Santiago de Gemieira, n.º 564, Gemieira 4990-645 Ponte de Lima
258 948 137 | 966 967 930 // casadobarreiroth@gmail.com

Casa das Buganvílias

A Casa das Buganvílias, também conhecida como Quinta da Boavista, localiza-se em Calvelo, freguesia a sul do concelho de Ponte de Lima, e situada junto ao Monte de S. Veríssimo, cuja igreja paroquial foi outrora convento beneditino reconvertido em abadia secular.

Rua da Gandarinha, n.º 1241, Calvelo
917 232 965 // geral@casadasbuganvilias.com

Paço de Calheiros

Um dos mais representativos exemplares das casas nobres do Alto Minho, o Paço de Calheiros é um dos mais importantes exemplares setecentistas da arquitetura civil portuguesa e está na posse da mesma família desde 1450.

Paço de Calheiros 4990-575 Calheiros, Ponte de Lima
258 947 164 // info@pacodecalheiros.com

Quinta do Ameal

Os primeiros registos da Quinta do Ameal datam de 1710, propriedade de beleza ímpar, que inclui um anfiteatro natural único com 800 metros de margem do rio Lima.

Refóios do Lima, Ponte de Lima 4990-707
258 947 172 | 916 907 016 // reservas.ameal@esporao.com

Quinta das Fontes

A propriedade pertenceu ao desembargador José Pereira Pinto do Lago, que ocupou o cargo de administrador do concelho de Souto de Rebordões, extinto em 1836.

Rua das Fontes, 272 4990-770 Rebordões - Souto, Ponte de Lima
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