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É um palácio encantado, um cenário de filme belle époque. O Palace Vidago Hotel surge, logo ao longe, como uma elegante senhora que apetece contemplar de alto a baixo, quase intimidante na sua imponência majestática. A esbelta fachada parece acenar e sussurrar-nos algum mistério. Há sítios intemporais e este é um deles.
Mal se atravessam os portões de ferro forjado, percorrendo a grande alameda, e se observa demoradamente a longilínea fachada rósea de janelas esguias, a escadaria e os terraços condidativos, entramos no espaço do onírico, “à la recherche du temps perdu”.
O Palace Vidago Hotel foi idealizado por D. Carlos I que, no entanto, não o conseguiu conhecer. Foi em 1910, já com a República, que abriu as suas portas.
A sua ideia seria erigir um hotel cosmopolita que atraísse a aristocracia europeia, nas suas horas de lazer, tirando partido das potencialidades termais e de uma natureza exuberante. Este era, aliás, um lugar muito procurado pelo monarca, na segunda metade de oitocentos, que, com a família e convidados, fazia de Vidago um destino privilegiado.
De facto, há uma aura marcadamente aristocrática fin de siècle no semblante arquitetónico e interiores deste hotel. Uma sobriedade que evoca tempos esplendorosos do século XIX e por onde várias gerações de famílias passaram até hoje, deixando uma espécie de poalha anímica por estas paredes.
Não foi por acaso que, na época, seria considerado o melhor hotel da Península Ibérica, atraindo elites europeias para os seus retiros termais de vilegiatura.
A fama das águas termais e seus poderes curativos já nessa época ganhava esplendor internacional, sendo premiadas em Paris, Viena ou Rio de Janeiro, entre 1876 e 1889, altura em que já um anterior hotel – que dava pelo nome de Grand Hotel – albergou Ramalho Ortigão ou D. Luís I.
A popularidade dos poderes curativos das águas termais cresceu com a inauguração da linha férrea entre Vila Real e as Pedras Salgadas, em 1907, a qual, passados dois anos, chega a Vidago.
Obra-prima do luxo termal, o Palace Hotel de Vidago foi arquitetado por António da Silva Júnior e a fachada desenhada por Miguel Ventura Terra, abrindo portas a 6 de outubro de 1910, ou seja, precisamente no dia seguinte à implantação da República. Ironias do destino.
A voluptuosidade continua no interior, dos tecidos de seda ao mobiliário sumptuoso, na luz das grandes vidraças e expressivos papéis de parede da sofisticação dos detalhes à nobreza dos espaços grandiosos onde a luz natural, só por si, se liquefaz em esplendor.
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